sábado, 11 de fevereiro de 2012

Perguntas-me pelo título? Não sei...

Gosto de viagens de autocarro. Nunca conheci ninguém que dissesse o mesmo. Eu gosto. Gosto de me enfiar na traquitana de manhãzinha, sentar-me e ir por ali fora. Ás vezes até me esqueço do meu destino, e quando o alcanço fico triste porque a viagem acabou. Não me importo com a “muita gente”, nem com o “pouco espaço”.  Adoro todo aquele balançar e do som das peças já todas tão velhas a desconjuntarem-se e a abanar a cada buraco na estrada.  E da paisagem, mesmo que seja a mais vulgar de todas. Gosto de a contemplar com a cabeça encostada às cortinas em que já toda a gente mexeu  .Gosto do entrar e sair dos rostos, uns que vejo todos os dias, outros que não voltarei a ver.  Eu gosto de tudo aquilo. O meu maior sonho era ir numa viagem de autocarro pelo mundo fora, enquanto houvesse terra. Ir no meio de pessoas que não conhecesse, no meio de paisagens verde-infinito, ao sol. Passar por cidades, por cafés, por casas de betão inacabadas, pelos parques infantis, pela vida toda. Depois entrar num bosque, chegar a uma estrada à beira-rio, e continuar a viagem. Sem paragens, ou então só com as necessárias, para poderem sair as pessoas velhas, e entrarem as novas. Mas só são velhas as que quiserem sair, e só são novas as que querem entrar. Eu fico.